quarta-feira, 9 de outubro de 2019

Critalização, vulgo Vitificação


Consiste num método de criar brilho em pavimentos à base de cálcio (mármores, pedras calcárias e travertino). A cristalização tem sido usada desde a década de 60 do século passado com níveis de sucesso variáveis e persiste em ser um tópico controverso no seio dos profissionais de manutenção de pedra natural.

O que é a Cristalização, vulgo Vitrificação

Cristalização é um processo no qual a combinação de um pad de lã de aço em conjugação com a pressão do peso de uma máquina monodisco e uma solução ácida imprime brilho a pavimentos em pedra natural. Os ingredientes mais comuns dos químicos de cristalização são ácido, fluorosilicato de magnésio e água.

Nesta reação os sais de magnésio são depositados primariamente na superfície da pedra e removidos durante a primeira lavagem do pavimento depois do tratamento, e o fluorosilicato é ligado com o cálcio da camada subjacente da pedra, camada sobre a qual caminharemos, agora com a composição de fluorosilicato de cálcio (CaSiF6).

A superfície da pedra é quimicamente alterada e não há forma de reverter o processo. Esta nova superfície de contacto da pedra não é um revestimento, mas parte integrante da pedra. A única forma de remover a camada cristalizada é por ação mecânica tal como a abrasão adiamantada ou processos similares, igualmente abrasivos.

A camada resultante de fluorosilicato de cálcio formada na superfície da pedra é mais dura, mais brilhante, e mais resistente a manchas que a superfície original da pedra. Este é o princípio geral da cristalização.



                                     



O grande debate

Ambas as vertentes detêm argumentos convincentes. Se optar pela recristalização, como outro procedimento qualquer, é necessário um controlo rigoroso. O Marble Institute of America não condena nem endossa este processo.

O processo de cristalização consiste em borrifar um líquido sobre o mármore e polir com um pad de lã de aço com uma máquina de velocidade padrão 150 – 175 rpm. A lã de aço gera calor através da abrasão e o químico reage com o mármore, produzindo um novo composto na superfície da pedra.

Praticamente todos os químicos de cristalização contêm dois componentes principais: ácido e compostos de flourosilicato e, por vezes, ceras ou polímeros acrílicos.

A cristalização só reage com pedras à base de cálcio como mármores e pedras calcárias em geral. No entanto o processo pode resultar em pedras como granitos. As reações são totalmente distintas. Na reação química, o ácido ataca os carbonatos de cálcio da pedra, separando o carbono do cálcio, libertando dióxido de carbono. Os compostso de fluorosilicato ligam-se com os iões de cálcio, formando um composto novo designado fluorosilicato de cálcio.

Simplificando, o processo de cristalização opera pelo forçar a união de um ião de uma molécula com um de outra na matrix cimentícia que mantém os cristais coesos. É formada uma nova matriz cimentícia que pode ser mais dura que a original. A matriz nova e mais dura e a preexistente, mais suave formam duas camadas, e assim, uma camada de separação está presente no meio. 

Repare-se nesta reprodução (fonte: https://grahamhancock.com/jongjp1/):
Esta amostra revela duas regiões distintas, a camada superficial e o corpo da pedra. Está presente uma camada menos evidente intermédia entre as duas que consiste na transição do corpo da pedra para a camada superficial de contacto. 

Em muitas variedades de pedra, nomeadamente as que contêm elementos de carbono, este procedimento pode dar origem a laminação. Noutras, muitas pedras calcárias de baixa e média densidade, origina a fixação de ferro (proveniente da lã de aço) na composição química da pedra. Todas as pedras submetidas a este processo sofrem mudanças dramáticas na sua estrutura. Para que esta reação aconteça, tem de ser gerado calor friccional. É por este motivo que se usam discos de lã de aço na polidora.

Pads de lã de aço

O processo deve ser executado por operadores experimentados que estejam familiarizados com as técnicas deste procedimento. A presença de humidade excessiva na pedra pode prejudicar a reação da cristalização e causar problemas.

Os defensores deste procedimento afirmam que o novo composto formado na superfície da pedra a protege, imprime brilho, e pode inclusivamente endurecer a pedra, aumentando a resistência ao desgaste. Os oponentes afirmam que o novo composto formado bloqueia a capacidade da pedra para “respirar”, aprisiona a humidade, e causa o apodrecimento da pedra. É importante referir que existem muitas formulações distintas de cristalizadores que variam na sua química e desempenho. É imperativo identificar a pedra, objeto da intervenção, e selecionar a formulação mais adequada de cristalizador para alcançar o resultado desejado.


Pergunta: 

Qual a melhor forma de manter pavimentos em mármore ou terrazo polido?


Solução: 

Existem muitas opiniões, algumas divergentes, no que concerne este tema. No que concerne “o que é melhor”, ninguém pode, ou deve reclamar a melhor solução. Um dos métodos mais populares é a vitrificação. Mas antes de mergulharmos neste assunto, revejamos alguns tópicos:

. O primeiro produto cristalizador para manutenção de pavimentos marmoreados ou de terrazzo foi desenvolvido na década de 60 do século XX por Jorge Ryera More, detentor de uma empresa em Barcelona designada Coor & Kleever;

. O cristalizador Coor & Kleever não contém ceras e tem sido utilizado por décadas para manter pavimentos polidos em muitos dos mais sofisticados casinos, resorts, lares e edifícios públicos em todo o mundo;

. O processo é concebido como um procedimento seguro de manutenção para remoção de padrões de desgaste ligeiros criados por tráfego de calçado em pavimentos polidos; 


. Este resultado é conseguido pela alteração química de microns da superfície de contacto, de carbonatos de cálcio para fluorosilicatos de cálcio;


.Testes laboratoriais demonstraram que esta reação química cria um acabamento mais durável, permitindo que o polimento no mármore tenha maior duração sob o stress do tráfego intenso do calçado.


Em grande medida o sucesso que o processo de cristalização tem tido ao longo das décadas de utilização deve-se à facilidade de utilização e produção, por comparação com as metodologias alternativas de manutenção de superfícies em pedra. No entanto, só porque algo é fácil de fazer, não significa que detenha todo o mérito de ser o melhor processo. 


Dito isto, vamos abordar os prós e contras deste procedimento largamente utilizado. 

ONDE E QUANDO USAR
Para começar, não existe produto ou processo que se constitua o “melhor-que-tudo” para a manutenção de mármores e terrazzos polidos. A cristalização consiste apenas de um método, entre muitos, que pode ou não ser a seleção mais adequada, dependendo do pavimento, a sua composição, estado de conservação, idade, acabamento, dureza, etc. 

Obviamente, não se deve usar a cristalização numa superfície baça, não refletora. Este processo destina-se apenas a superfícies polidas. Em tais situações, se um acabamento de brilho intenso é o pretendido, deve primeiro ser polido e acabado com cristalização para obter tal resultado. 


Se o objetivo é a manutenção de grandes superfícies de mármore ou terrazzo polido com tráfego intenso, uma forma de excelência para o fazer, na maioria dos casos, é a cristalização.


Mantenha em mente que, atualmente, alguns cristalizadores contêm ceras. Isto pode criar um acumulado na superfície da pedra ao longo do tempo. Quando isto acontece, deve usar-se um detergente alcalino, recomendado profissionalmente, para a remoção deste acumulado, e depois, terá de usar abrasivos adiamantados para regularizar a superfície antes de retomar o programa de manutenção com cristalizador. 


Existem produtos cristalizadores que não contêm ceras. Os cristalizadores sem cera demorarão muito mais tempo a produzir acumulado. E quando ocorre deriva das reações químicas que abordámos anteriormente. 




Um programa de manutenção adequado não deve deixar margem a tais acumulados na superfície de contacto da pedra. Se começar a ver acumulado se usa um cristalizador sem cera, é porque está a tentar usar o químico de uma forma para a qual não foi concebido. 

A cristalização é um processo de manutenção, não de restauração. A utilização excessiva de um cristalizador sem ceras, permitindo que acumule na superfície, está a tentar usar o cristalizador para remoção de sulcos mais profundos na superfície que não são removíveis por este processo. Este tipo de danos deve ser removido por restauração do pavimento com abrasivos adiamantados.

Outro método popular de manutenção de pavimentos de mármore polidos é a utilização de compostos em pó ou pasta que contêm ácido oxálico ou oxalato de potássio, entre outros ingredientes. Por este meio tenta-se recriar o que acontece em unidades de processamento de pedra em todo o mundo. 

Estas unidades fazem o polimento do mármore numa linha de polimento, passando a pedra por uma sequência de abrasivos. O polimento final é produzido usando algo como 5X brick. O principal ingrediente deste químico é o ácido oxálico ou o potássio de oxalato.

O polimento de fábrica é criado pela transformação química da superfície da pedra com um chorume acídico de 5X brick. Esta alteração muda microns da superfície de carbonato de cálcio para oxalato de cálcio.

Manter pavimentos de pedra polida com compostos de ácido oxálico produz usualmente bons resultados e é um método largamente aceite no meio profissional. No entanto, este tipo de produtos pode ter efeitos adversos em pedras verdes ou marron. Estes compostos tentem, também, a acumular na superfície quando sobre usados.

Em muitos casos, a acumulação ocorre mais rápido que no processo de cristalização. Além disso, por comparação com a cristalização, este processo pode ser mais demorado, sujo, e produzir mais detritos.

IR AO ENCONTRO DAS NECESSIDADES DO CLIENTE

Todos sabemos que é impossível o polimento de fábrica durar para sempre, sob o tráfego intenso de calçado. Portanto, estes métodos foram criados para preencher uma necessidade para os que pretendiam uma solução para o seu problema.

Tanto a cristalização como os compostos de ácido oxálico alcançam resultados muito similares. Ambos criam uma reação química e alteram a composição da superfície de contacto da pedra, e ambos alcançam um alto grau de reflexividade na superfície da pedra. Dependendo da situação, um pode ser mais adequado que o outro.

Mas nenhum processo é o melhor para tudo. Estes dois métodos consistem apenas em porções de um programa de manutenção para superfícies de pedra polida. No final, quando se procura um programa completo de manutenção para pedra natural, sugeriria que solicite marcas sobejamente conhecidas e bons resultados comprovados com décadas de evidências historicamente comprovadas, e suportadas por pessoal bem treinado e qualificado de empresas familiarizadas com pedra natural e a indústria da pedra.

Esperamos ter ajudado.