terça-feira, 11 de fevereiro de 2014

Salitre e Eflorescências - Causas e Prevenção IV


Prevenção da eflorescência

Os projetistas e profissionais de construção devem compreender não apenas as causas e os mecanismos dos vários tipos de eflorescência que podem surgir nas paredes de alvenaria, mas também devem estar cientes dos meios para a sua prevenção e controlo, em caso de aparecimento. A importância do projeto, da pormenorização, da seleção de materiais, do uso de “gatos” e selantes, assim como sobre a importância das boas práticas de construção são de importância primordial na prevenção da ocorrência de eflorescências. Sugere-se um procedimento de análise, consistindo numa lista de verificações com sete pontos, para uso na prospeção de problemas na construção. Finalmente, iremos sugerir métodos para a remoção da eflorescência.

A eflorescência, normal e incomodativo depósito de cristais de sais na face da alvenaria de tijolo, pode ser evitada. O conhecimento da natureza e mecanismos da eflorescência, tal como das possíveis origens dos sais e da humidade, é essencial na prevenção da eflorescência, como já abordámos.

Não é pragmática a pretensão de excluir todos os sais solúveis e toda a humidade do contacto com a alvenaria. Contudo, a redução de cada um destes fatores contributivos é bastante praticável e em geral reduzirá ou evitará a ocorrência e a severidade da eflorescência.

Seleção dos materiais

Selecionar os materiais, isto é, o tijolo exterior, o tijolo ou blocos de enchimento, os guarnecimentos e a argamassa, com um conteúdo mínimo de sais solúveis e um desempenho máximo na proteção hidrófuga da estrutura é o primeiro passo na prevenção da eflorescência.

Tijolo – Como afirmado anteriormente existem unidades de tijolo que não contém sais solúveis nem contribuem para a eflorescência e que estão à venda nos mercados. Em regra é recomendável que todas as faces sólidas e perfuradas do tijolo sejam testadas quanto à sua tendência para a eflorescência pelo teste de eflorescência constante da Norma Europeia EN 1504, “Produtos e Sistemas Para a Proteção e Reparação de Estruturas de Betão”.

Este teste consiste em imergir parcialmente amostras representativas de tijolo em água destilada por um período de 7 dias. No final deste período, deixam-se secar as unidades, e pesquisam-se as eflorescências por comparação com amostras que não foram imersas. O tijolo deve ser classificado nunca acima de “ligeiramente eflorescido” para ser aceitável.

Enchimento – Muitos materiais de enchimento contém relativamente altas percentagens de alcalis que podem contribuir para a eflorescência na face de uma parede em alvenaria de tijolo. Sugere-se, portanto, que as unidades de enchimento sejam testadas quanto ao seu conteúdo em sais pelo teste de eflorescência.

conforme descrito por W.E. Brownell (W.E. Brownell, “The Causes and Control of Efflorescence on Brickwork”, Research Report N.º 15, Structural Clay Products Institute, 1969).

Quando são usados materiais de enchimento que contém sais solúveis, recomenda-se que todos os pormenores da parede e o projeto sejam tais que os materiais que contenham sais estejam separados dos tijolos exteriores aparentes. Esta precaução de projeto evita a migração através da parede dos sais solúveis em água que leva à eflorescência. Isto pode ser feito através do uso de paredes com caixa de ar, por exemplo.
Para minimizar a ocorrência das manchas verdes, são recomendados os seguintes passos :
1. Armazenar os tijolos afastados do chão e sob coberturas de proteção.
2. Nunca usar ou permitir o uso de soluções ácidas para limpar tijolos de cor clara.
3. Pedir e seguir as recomendações do fabricante do tijolo nos procedimentos de limpeza, para todos os tipos e cores de tijolo.
As manchas verdes de vanádio são muito difíceis de remover. Nunca tentar remover as manchas verdes com ácidos.
É importante prevenir a formação das manchas verdes causadas pelo vanádio, já que os subsequentes esforços de limpeza podem transformá-las num depósito castanho que é muito difícil de remover.
Para se minimizarem ou eliminarem as manchas de manganês, sugere-se o seguinte:
1. Durante a construção de um edifício usando-se tijolos coloridos com manganês, estes não devem ser limpos com ácido clorídrico sem que se faça a neutralização do ácido durante o enxaguamento. Esta neutralização vai tender a reduzir a quantidade de manganês tomado pela solução.
2. A aplicação de silicone nos tijolos pode evitar as manchas por retardar a penetração da água nos tijolos enquanto armazenados ou em serviço.
3. Pedir e seguir sempre a opinião do fabricante do tijolo nas limpezas de tijolos coloridos castanhos ou com manganês.
A remoção das manchas de manganês é uma operação muito simples. Contudo, a permanência dessa remoção é bastante duvidosa. Por vezes, a prevenção da ocorrência das manchas castanhas de manganês é da maior importância.
 
Assim sendo o que poderemos fazer para resolver o problema?
 
Procurar materiais alternativos e solicitar massivamente esclarecimentos às companhias  cimenteiras sobre o assunto, pode ajudar a que estas passem a comercializar o cimento Pozolânico em sacos e a informar de forma adequada dos inconvenientes do cimento Portland e das vantagens do cimento Pozolânico em determinadas aplicações, nomeadamente das suas vantagens em ambientes húmidos.
 
Para minimizar o problema no imediato, penso que a utilização da Cal Hidráulica existente em Portugal pode resolver parcialmente o problema. Tem um calor de hidratação baixo e embora a resistência mecânica deste “cimento pobre” como muitas vezes é designado, seja inferior à do cimento Portland ou do cimento Pozolânico, em obras em que não hajam solicitações mecânicas especiais, nomeadamente nas zonas envolventes de piscinas ou de um modo geral em zonas de utilização exclusivamente pedonal, este material pode, misturado com cimento Portland, em proporções aconselhadas por técnicos especializados, resolver o problema.
 
Fica por resolver o problema das pequenas edificações onde a humidade é uma constante, muitas vezes inevitável, como é o caso das moradias uni familiares, nomeadamente nas aplicações em que é exigido um certo grau de exigência mecânica, como é o caso das fundações e das paredes sujeitas a humidade ou mesmo dos pavimentos sujeitos a grandes cargas. Nestes casos ou se importa de outros países o cimento Pozolânico ou o problema subsiste.
E como sabemos todas as construções assentam em terrenos, naturalmente sujeitos a humidade.