quarta-feira, 19 de junho de 2013

Hipoclorito de sódio e amónia - mistura EXPLOSIVA


É frequente a utilização de hipoclorito de sódio (vulgo lixívia) e amónia nas atividades de limpeza. Isolados ou misturados são dois compostos químicos geralmente utilizados incorreta e indiscriminadamente sem respeito pelos materiais de revestimento a higienizar, pelo ambiente e saúde pública. Existe o mito generalizado “cheira a lixívia, cheira a limpeza”. Este é um erro crasso de quem desconhece a limpeza na sua vertente profissional e as propriedades dos compostos químicos utilizados. Dadas as especificidades dos solutos de limpeza, dos materiais a limpar – cada vez mais diversificados – e da legislação em vigor que restringe ou impede a utilização destes compostos químicos, torna-se necessário que os profissionais de limpeza estejam cada vez mais informados sobre a sua atividade. O mesmo se aplica a proprietários, utentes de instalações, enfim, clientes para que possam ser cada vez mais exigentes fundamentados em conhecimento.

 
Hipoclorito de Sódio

O que é?

Solução aquosa alcalina com 10% de cloro ativo e cerca de 10-12g/l de hidróxido de sódio residual que não ocorre naturalmente no ambiente. É obtido através da reação do Cloro gasoso (Cl2) com uma solução aquosa de Hidróxido de Sódio.

Outros nomes:

Solução de Carrel-Dakin, Lixívia, Clorox, Cloro líquido

Características físico-químicas:


Fórmula Molecular
NaClO
Massa Molecular
74,45 g/mol
Cor
Amarelo-esverdeado
Odor
Odor picante, semelhante ao do cloro
Solubilidade em água a 20ºC
Solúvel
Ponto de ebulição
De 100 a 110ºC para soluções a 10% Cl2
Fotossensibilidade
Decompõe-se em presença de luz
Resistência à temperatura
Acima de 20ºC decompõe-se libertando oxigénio
Reação c/ substâncias ácidas
Violenta, libertando cloro
Inflamabilidade
Não inflamável
Risco associado
Corrosivo
pH
13

 
Uso/aplicações:

O Hipoclorito de Sódio é aplicado:

no branqueamento de celulose e têxteis;

no tratamento de águas – desinfeção, esterilização, ação algicida e desodorização de águas industriais, água potável e piscinas;

na tinturaria;

em produtos de limpeza;

na lavagem de frutas e legumes;

na produção de diversos produtos químicos tais como: oxidantes, branqueadores e desinfetantes

como solução de irrigação dentária

Aplicação:

quanto maior a concentração e/ou o tempo de contacto maior o espectro de ação, podendo ser utilizado como desinfetante de baixo a alto nível.

Espectro de ação:

tem um amplo espectro de ação, chegando a ter ação sobre esporos de Bacillus subtilis. Atua a concentrações tão baixas como 25 ppm para microrganismos mais sensíveis. Mais usualmente utilizada em concentração de 1000 ppm.

 (10ppm=1:5000; 50ppm=1:1000; 100ppm=1:500; 500ppm=1:100; 1000ppm=1:50; 5000ppm= 1:10)

 Características:

é o desinfetante mais amplamente utilizado. Apresenta ação rápida e baixo custo. Bastante instável e inativado por matéria orgânica;

é considerado como prejudicial ao ambiente.

 Compatibilidade com materiais:

 é bastante corrosivo, principalmente de metais e tecidos de algodão e sintéticos.

 Aplicação:

 dependerá da concentração. Basicamente utilizado em superfícies fixas. Embora possua algumas recomendações para materiais de terapia respiratória os resíduos de cloro, principalmente com o uso prolongado, impedem a sua utilização para estes fins. Altamente utilizado e recomendado para tratamento de tanques e tratamento de água.

 Ação do Hipoclorito de sódio:

0,15 a 0,25 ppm (0,000015%) elimina bactérias vegetativas em 30 segundos;

50 ppm (0,005%) elimina 105 de HIV, em 10 minutos, 25°C;


100 ppm (0,01%) elimina fungos em menos de 1 hora; elimina 107 de Staphylococcus aureus e Pseudomonas aeruginosa em menos de 10 minutos;

200 ppm (0,02%) elimina 25 tipos diferentes de virus em menos de 10 minutos;


500 ppm (0,05%) elimina 106 de HBV, em 10 minutos, 20°C.

Agora que já conhecemos um pouco melhor este composto e as suas propriedades devemos perceber onde deve ser aplicado e em que circunstâncias e onde não deve ser aplicado de todo.

Já percebemos que é um desinfetante de largo espetro e de baixo custo, no entanto é extremamente corrosivo para materiais, altamente tóxico e extremamente prejudicial para o meio ambiente. Quando utilizar, então? E como?

Nas limpezas em geral deve ser evitado o uso de hipoclorito de sódio. Em áreas onde a desinfeção deve ser feita, como áreas hospitalares, balneários e casas de banho ou unidades de processamento de alimentos deve ter-se particular atenção às diluições para evitar maiores danos que benefícios.

A desinfeção por rotina de superfícies não é aconselhada, pois altera o equilíbrio entre o meio ambiente e os microrganismos. De acordo com alguns estudos a higienização de superfícies seguindo a metodologia correta com água quente e detergente remove cerca de 80% a 85% dos microrganismos presentes. Com uma posterior aplicação de desinfetante a taxa de remoção sobe para 90% a 95%. No entanto, o tempo que uma superfície leva a voltar a ficar contaminada é o mesmo quer se tenha aplicado desinfetante ou não. Neste pressuposto é de considerar que a aplicação de desinfetante não é custo-efetiva. Além disso há que ponderar que a aplicação indiscriminada de desinfetantes gera outros problemas de poluição ambiental de importância acrescida para o equilíbrio do ambiente e saúde das populações. O seu uso incorreto pode ainda danificar algumas superfícies por corrosão ou abrasão de alguns materiais como os metais, ligas metálicas, pedra, entre outros. O uso de desinfetantes, nomeadamente hipoclorito de sódio, fica, assim, restrito a situações de derrames ou salpicos e com fortes restrições.
 
(continua)

terça-feira, 18 de junho de 2013

Criámos este blog para partilha de informações e conhecimentos sobre a nossa atividade de limpezas e manutenção. Nele publicaremos periodicamente artigos de interesse para donas de casa, profissionais do ramo de limpezas e tratamento de materiais de revestimento. As temáticas serão tão diversas e abrangentes quanto possível. Os comentários serão bem-vindos e as questões que nos queiram colocar serão respondidas. Esperamos com este espaço de partilha poder criar mais um elo de ligação entre fornecedor, clientes e potenciais clientes e, em simultâneo, auxiliar outros profissionais e leigos a resolver algumas das questões que se lhes apresentam no dia-a-dia.

Luís Jordão