terça-feira, 12 de novembro de 2019

Sobre limpezas profundas em pavimentos de pedra

A crosta terrestre possui várias camadas compostas por três grandes grupos de rochas que são formadas pela mistura de diferentes materiais. Essas rochas podem ser magmáticas, também chamadas de ígneas, sedimentares ou metamórficas.

Rochas magmáticas ou ígneas

As rochas magmáticas ou ígneas (ígneo vem do latim e significa "fogo") são originadas do interior da Terra, onde são fundidas em altíssima temperatura. Nas erupções de vulcões, essas rochas são lançadas do interior da Terra, para a superfície em forma fundida (magma). Sofrem, então, arrefecimento rápido e solidificam. Outras vezes, ficam nas proximidades da superfície, onde arrefecem lentamente e, também, se solidificam, formando cristais maiores (ex. granito).

Rochas sedimentares

Esse tipo de rocha é chamada rocha sedimentar por ser formada a partir de mudanças ocorridas noutras rochas. Chuva, vento, água dos rios, ondas do mar: tudo isso vai, aos poucos, fragmentando as rochas em grãos de minerais. Pouco a pouco, ao longo de milhares de anos, até o granito mais sólido se transforma em pequenos fragmentos. Esse processo é designado por erosão. Esses fragmentos de rochas são transportados pelos ventos ou pela água da chuva até aos rios, que, por sua vez, os levam para o fundo de lagos e oceanos. Aí os fragmentos vão-se depositando em camadas. É assim que se formam, por exemplo, terrenos cobertos de areia, como as praias.

Esses fragmentos ou sedimentos vão-se acumulando ao longo do tempo. As camadas de cima exercem pressão sobre as camadas de baixo, compactando-as. Essa pressão acaba por agrupar e cimentar os fragmentos e endurece a massa formada. É assim que surgem as rochas sedimentares. Tudo isso leva milhões de anos. Este processo é designado por litificação.

É por este processo que a areia da praia se transforma lentamente em rocha sedimentar chamada arenito. Sedimentos de argila transformam-se em argilito.

As camadas vão cobrindo também restos de plantas e animais arrastados por processo semelhante, entre outros, para os leitos de lagos e oceanos. Por isso é muito comum encontrar restos ou marcas de animais e plantas em rochas sedimentares: o animal ou planta morre e é coberto por milhares de grãos de minerais. Afloramentos calcários consistiram Há milhões de anos em fundos de rios, lagos ou mares onde, pela ação das correntes, se foram depositando detritos, sedimentos e cascas de crustáceos, moluscos, etc. 

O calcário

A acumulação de esqueletos, conchas e carapaças de animais aquáticos ricos em carbonatos de cálcio, que é um tipo de sal, pode formar outra variedade de rocha sedimentar, o calcário. 

Rochas metamórficas

O mármore é uma rocha formada a partir de outra rocha, o calcário. É um exemplo de rocha metamórfica. As rochas metamórficas são assim designadas porque são originadas pela transformação de rochas magmáticas ou sedimentares por processos que alteram a organização dos átomos dos seus minerais. Surge, então, uma nova rocha, com outras propriedades e, às vezes, com outros minerais. Muitas rochas metamórficas são formadas quando rochas de outro tipo são submetidas a intensas pressões ou elevadas temperaturas. Quando, por exemplo, por mudanças ocorridas na crosta, uma rocha magmática é empurrada para regiões mais profundas e de maior pressão e temperatura, alterando a organização dos minerais. O xisto é um bom exemplo de rocha metamórfica de origem magmática. É fundamentalmente formada por barros expelidos por erupções que posteriormente, por ação das movimentações da crosta, foram sujeitos a elevadas pressões e temperaturas, modificando a constituição e alinhamento molecular. Ao contrário dos mármores, é uma rocha mono mineral. 

A rocha Moca creme

Esta é uma rocha sedimentar, calcária, de cor bege, grosseiramente calciclástica e abundantemente bioclástica. Significa isto que na sua composição abundam fragmentos biológicos. É, portanto, uma rocha rica em carbonatos de cálcio na sua composição. São-no, aliás, todas as rochas sedimentares em graus variáveis de acordo com a volumetria dos sedimentos minerais e biológicos que as compõem. É extraída na região da Serra dos Candeeiros (maciço calcário Estremenho). É uma variedade de vidraço Moleanos, de cor creme, com grão fino e fundo uniforme. Pode apresentar uma superfície serrada a favor ou contra (onde apresenta vergada). Tem grau de dureza 3 na escala de Mohs. É considerada uma pedra mole”.
É a pedra calcária mais conhecida internacionalmente.

Características

No processo de litificação, a presença de abundantes resíduos biológicos que se decompõem com o tempo, associada ao facto da rocha ser também composta por sedimentos de outras rochas, deixa poros na rocha assim formada, frequentemente filiformes. Essa característica imprime uma grande capacidade de absorção de líquidos. Essa propriedade é chamada de porosidade que, nesta rocha se situa entre 7 a 11% da sua massa. 
Por ser uma rocha de origem sedimentar é, por natureza, menos densa que as dos outros dois tipos de rocha e menos resistente ao impacto, desgastando-se com bastante facilidade com o tempo e uso.

Aplicações

Apesar de ser aplicada como revestimento em pavimentos, a sua aplicação como tal não é recomendável. Destina-se, sobretudo, a acabamento de paredes ou peças de mobiliário. A aplicação como revestimento de pavimentos implica sérios riscos de danos pelo uso e por deficiente ciclo de manutenção. Em primeiro lugar, uma rocha com estas características deveria ser sempre protegida com um hidrofugante impregnante ou tapa-poros e/ou acabada por processos de recristalização – vulgo vitrificação ou, em alternativa, um hidrofugante com película (anti mancha). Infelizmente isso não acontece na grande maioria dos casos e os resultados são evidentes. Envelhecimento precoce da pedra, incrustações nos poros que são aumentados pelo uso, aplicação de hipocloritos de sódio na sua limpeza e de ácidos para eliminar incrustações. Quer os solutos altamente alcalinos quer os ácidos provocam danos nos ligamentos dos carbonatos de cálcio, desagregando-os e provocando erosão precoce da pedra. 


Causas de deterioração das rochas pelo uso humano

São de causas múltiplas os efeitos de deterioração precoce das rochas ornamentais, dependendo da sua localização nos imóveis, interior ou exterior, ou seja, se está sujeita aos elementos – chuva, raios UV, vento, as variações de temperatura, a poluição, a colonização biológica – além da utilização humana – maus planos de limpeza e manutenção, más práticas de utilização e a utilização normal.

A chuva, muitas vezes ácida, penetra nos poros e capilaridades e escorre ou fica alojada na superfície dos capeamentos de pavimento ou empenas. O pH baixo vai corroendo as ligações dos carbonatos de cálcio, ampliando os poros e capilaridades, acelerando nesse processo a erosão natural da rocha. Se a amplitude térmica da atmosfera for de tal forma que provoque a congelação da água presente nos poros e capilaridades, o processo agrava-se porque a água aumenta de volume quando cristaliza, provocando pressões internas que aceleram a desagregação do cimento que liga os cristais de minério. A poluição, por exemplo, aloja moléculas de amónia na superfície da pedra, atacando-a. Por este motivo, nomeadamente nos grandes centros urbanos se pode observar a deterioração das alvenarias que se evidencia por escamação ou lascamento, alteração cromática, formação de patine, etc. 

Outro problema que enfrentam os capeamentos nas estruturas é a presença de sais hidrossolúveis que passam por transferência dos solos ou das argamassas utilizadas até à superfície de contacto (ou exposta) das lajes, cristalizam em contacto com a atmosfera, provocando o efeito nefasto da cristalização da água.

A origem química dos sais eflorescentes é geralmente alcalina e têm sido identificados sulfatos e carbonatos terrosos alcalinos, além de cloretos. Os sais mais comuns encontrados em eflorescências são compostos por sulfatos e carbonatos de sódio, potássio, cálcio, magnésio e alumínio. Também podem ocorrer cloretos nas eflorescências. Esta é geralmente a consequência do uso do cloreto de cálcio como acelerador na argamassa, da contaminação das unidades de alvenaria ou da areia da argamassa pela água do mar, ou da utilização imprópria de ácido clorídrico em soluções de limpeza.

Em suma, as características estruturais e mecânicas desta rocha obrigam a cuidados especiais, especialmente quando destinada a pavimentação. Risca facilmente, tem grande porosidade que se agrava facilmente por ação mecânica e química. Dando um aspeto muito vendável aos imóveis pois a sua clareza transmite uma sensação de espaço mesmo em áreas reduzidas, facilmente escurecem, perdem a beleza e obrigam a trabalhos de recuperação dispendiosos. Portanto, a melhor solução é a prevenção. Esta é uma temática que nos leva a abordar os programas de manutenção de pavimentos em pedra natural. 

Estes variam de pedra para pedra, sendo muito exigentes nas pedras sedimentares pelas razões expostas acima. 

Os ciclos de manutenção iniciam logo na produção do lajeado. Dependendo da sua porosidade e dureza poderão ter de ser tratadas com um consolidante. O consolidante é largamente usado no restauro de pedra antiga em processos de recuperação ou restauro. Existem vários no mercado e o seu objetivo é consolidar a estrutura cimentícia da rocha favorecendo a coesão dos vários elementos, aumentando a resistência ao impacto, à abrasão e erosão natural. Em pedras moles pode ser usado para as consilidar e melhorar as suas características. 

A prevenção das migrações de sais faz-se com uma pré-hidrofugação. Este tratamento consiste no tratamento da face inferior da laje para melhorar a sua resistência à penetração de água nos poros e capilares. Aliado a um bom cimento-cola de secagem rápida pode prevenir o aparecimento de sais e prevenir a erosão precoce da rocha.  A ausência deste tratamento compromete definitivamente posteriores tratamentos de restauro ou recuperação uma vez que a presença continuada de humidade nos poros da rocha compromete o sucesso dos tratamentos que se possam fazer pelo lado de “cima” da laje.

As juntas devem ser preenchidas com junta de qualidade ou hidrofugada por prevenção. Se estiver previsto um tratamento de hidrofugação depois do assentamento das lajes, pode ser usada cimento de junta não hidrofugado. 

A hidrofugação vai prevenir a penetração de líquidos nos poros. Normalmente quando os derrames são produzidos, não são detetados, ou sendo, não são removidos de imediato. Penetram nos poros e capilares até 10 mm de profundidade, tornando a sua remoção praticamente impossível mesmo com as técnicas adequadas. O tipo de hidrofugante a utilizar vai depender do acabamento das lajes: bujardado, mate, polido, etc. Se bem que um hidrofugante de base aquosa impregnante seja sempre indicado, este só irá prevenir – retardar é o termo adequado – a penetração dos contaminantes, mas não previne a mancha superficial na superfície de contacto. Para esse efeito são utilizados hidrofugantes de 2º nível, normalmente à base de solvente, com película ou, em alternativa, uma cera com boa resistência ao tráfego de pessoas e objetos. 

Sem querer desiludir aqueles que acreditem que com isto têm o problema resolvido, as boas práticas são o último nível de tratamento preventivo:
Um bom tapetamento exterior e interior é sempre uma boa forma de prevenir a abrasão mecânica. Os tapetes no exterior que deem acesso a átrios interiores devem ter no mínimo 2 metros no sentido do tráfego.

Deixar o calçado à porta e trocar por calçado de interior, livre de sedimentos e outros contaminantes deve ser uma prática usual em todas as casas. Em estabelecimentos comerciais e escritórios, onde isso não é viável, o tapetamento é a solução. 

Contacte-nos! Se houver solução, nós temos!





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