A origem dos sais
A origem química dos sais eflorescentes
é geralmente alcalina e têm sido identificados sulfatos e carbonatos terrosos
alcalinos, além de cloretos. Os sais mais comuns encontrados em eflorescências
são compostos por sulfatos e carbonatos de sódio, potássio, cálcio, magnésio e
alumínio. Também podem ocorrer cloretos nas eflorescências. Esta é geralmente a
consequência do uso do cloreto de cálcio como acelerador na argamassa, da
contaminação das unidades de alvenaria ou da areia da argamassa pela água do
mar, ou da utilização imprópria de ácido clorídrico em soluções de limpeza.
As eflorescências são
cumulativamente complicadas pelas muitas possíveis origens de sais solúveis. Os
sais solúveis podem estar presentes nas unidades da alvenaria, na argamassa, ou
podem resultar quer da água da chuva quer da água do solo, e ainda de outras
fontes.
Unidades de alvenaria:
Logo que a eflorescência aparece na face de uma parede, é frequente e
erradamente assumido como sendo por culpa do tijolo. Não é esse geralmente o
caso. Existem sais solúveis presentes em muitas das unidades que constituem o
conjunto da parede.
Tijolo: Em consequência
das matérias-primas e da alta temperatura associadas ao seu processo de
fabrico, é possível existirem fases solúveis no interior do tijolo acabado. Se
for absorvida água por tais produtos, os sais solúveis entram em dissolução e a
eflorescência formar-se-á conforme se for desenvolvendo a evaporação à face do
tijolo.
Interior: Os blocos de
alvenaria usados como enchimento no interior de paredes ou como panos interiores
de paredes em alvenaria podem conter grande quantidade de sais solúveis. Estas
unidades contribuem para a eflorescência na face da parede, se existir água
suficiente para dissolver os sais e forem proporcionados encaminhamentos para a
solução atingir a superfície da alvenaria.
Ornamentação: Ornamentos
construtivos, tais como corrimãos, capeamentos, soleiras, lintéis, pedras–de–fecho,
etc. são feitos frequentemente com materiais diferentes que não cerâmicos.
Estes artigos podem ser em pedra natural, pedra artificial, betão, etc., e
podem conter sais solúveis. Tais materiais podem contribuir significativamente
para a eflorescência na face de tijolos adjacentes.
Argamassa: A argamassa
pode ser um contribuinte significativo para a eflorescência. Como Brownell
afirma :
“A primeira e mais óbvia fonte de
contaminação dos tijolos que de outra maneira estariam livres de eflorescências
é a argamassa usada na construção das paredes. A argamassa está em contacto
íntimo com os tijolos pelo menos em quatro ou cinco das suas faces. É aplicada
ao tijolo numa condição molhada e pastosa que proporciona ampla humidade para a
transferência dos sais solúveis a partir dessa argamassa para os tijolos. Se
algum material solúvel em quantidade apreciável estiver presente na argamassa,
ele será transportado para o tijolo proporcionalmente à quantidade de humidade
transferida”.
“O mais simples caso de
contaminação com sais solúveis sobre tijolos livres de eflorescências é a migração
de soluções de “alcalis livres” a partir da argamassa para o tijolo. Esta
situação não é só o mais simples mecanismo, mas também o mais comum. No
mercado, é conhecida por “flores da construção nova”.
Cimento: Os alcalis
solúveis em água mais vulgares no cimento são o sódio e o potássio. Os alcalis
presentes no cimento Portland variam conforme a origem deste, entre limites
aproximados de 0,02% até 0,09% em peso desse cimento. Uma observação de
cimentos para alvenaria indicou uma gama de alcalis desde 0,03% até 0,27% em
peso do cimento.
Suspeita-se que os sulfatos
contidos nos cimentos podem ser tão significativos como o seu conteúdo em
alcalis na contribuição para a eflorescência. Os métodos modernos para a
fabricação de cimento que tentam conseguir conservação de energia podem ter como
resultado largas quantidades de sulfatos nos produtos acabados.
Com o cimento Pozolânico que tem
na sua constituição 30 a 40% de cinzas vulcânicas (pozolanas) ou argilas e que
tem um calor de hidratação baixo este fenómeno negativo não acontece. As escórias
e pozolanas (hidraulites) atuam sobre o Ca(HO)2 (hidróxido de cálcio), produzem
silicatos e diminuem a ação nociva dos sulfatos.
O cimento pozolânico,
"Caementum" dos Romanos resultou da combinação de cal com pozzolana, uma cinza vulcânica existente
no Monte Vesúvio, zona de Pozzuoli, em Itália. Com este processo conseguia-se
obter um cimento com maior resistência à ação da água, quer fosse doce quer
fosse salgada.
Ora, sendo certo que na
generalidade das aplicações o comportamento mecânico destes dois cimentos é
idêntico e os preços de ambos os cimentos, Portland e Pozolânico são aproximados,
perguntar-se-á então porque não é utilizado em Portugal o cimento Pozolânico para
condições em que a presença de água é inevitável.
A principal razão é com certeza o
facto das pessoas em geral e de grande parte dos técnicos de construção em
particular, considerarem que o problema se deve às areias contaminadas com sal,
que provocam o tal “salitre” e entenderem ser difícil, se não impossível,
adquirir areias sem contaminação de sais e obviamente, por não conhecerem a
real origem do problema.
Outra razão é o facto de não
existir no mercado em Portugal cimento Pozolânico em sacos. Só é possível a sua
aquisição a granel, em contentores especiais e, portanto, só se justifica
utilizá-lo em grandes obras, nomeadamente na construção de barragens, onde
pelas razões apontadas (presença da água doce) este cimento é inevitavelmente
utilizado e mesmo recomendado pelas cimenteiras.
As fabricas de cimento
portuguesas, embora nas suas indicações técnicas e especificas indiquem como contraindicações
o “contacto com ambientes agressivos (águas e terrenos)” para alguns tipos de
cimento Portland, informando para outros também como contraindicações que “em
ambientes agressivos seguir estritamente as recomendações normativas e os
textos técnicos sobre o assunto.”, não dão suficiente ênfase e esclarecimentos
sobre o assunto.
Pelo menos uma empresa cimenteira
portuguesa tem de facto na sua gama de produtos o cimento Pozolânico e indica
como principais aplicações para este cimento os tais ambientes agressivos. No
entanto o fornecimento só se faz a granel.
Cal: Diversos
investigadores discordam quanto à possível contribuição da cal para as
eflorescências. Foi demonstrado que a adição de cal, de argila ou de areia à
composição de uma argamassa geralmente não contribui para a eflorescência (T.J.
Minnick, “Effect of Lime on Characteristics of Mortar in Mansonry
Construction”, Bulletin, American Ceramic Society, 38 (5), 1959). De facto,
estes componentes tendem a diluir os efeitos deletérios de um cimento altamente
alcalino.
Por outro lado, a cal é
relativamente solúvel. A sua presença pode servir para neutralizar os ácidos
sulfúricos gerados no interior da alvenaria. No entanto, uma solução de limpeza
que contenha ácido clorídrico pode produzir cloreto de cálcio muito solúvel o
qual pode migrar para a superfície.
Ainda assim, a cal na argamassa é
muito importante no estabelecimento de boa coesão entre os tijolos e, por isso,
aumenta a resistência à água das alvenarias.
Areia: As areias usadas na
argamassa são essencialmente sílica, e como tal não são solúveis em água. As
areias, no entanto, podem estar contaminadas com materiais que contribuem para
a eflorescência. Esta contaminação pode incluir: água do mar, escorrimentos
provenientes da terra, de plantas vivas e de matérias orgânicas em
decomposição, entre outras. Qualquer destes materiais pode contribuir para a
eflorescência.
Origens diversas de sais:
Além das argamassas e das unidades usadas na alvenaria, existem outras fontes
exteriores de sais solúveis que podem contribuir para a eflorescência. Algumas
delas serão abordadas em seguida:
Aditivos: Existe na
indústria uma larga variedade de aditivos para argamassas de alvenaria. Muitos
destes produtos são patenteados e a sua composição não é divulgada. Geralmente,
são classificados como fluidificantes, incorporadores de ar, hidrófugos,
hidratantes e aceleradores de presa.
Os efeitos destes aditivos nas
propriedades das argamassas são geralmente limitados à fluidez, retenção da
água e resistência. Está disponível pouca informação sobre os seus efeitos
sobre a coesão, quer entre a argamassa e os tijolos, quer entre a argamassa e a
armadura. Além disso existe alguma evidência, baseada em larga experiência em
obra, que certos aditivos podem reduzir a coesão entre argamassa e tijolos.
Esta redução na coesão pode tornar as paredes em alvenaria mais vulneráveis à
sua penetração pela água.
Por estas razões, não são
recomendáveis aditivos com componentes desconhecidos para serem usados nas
argamassas, a menos que tenha sido estabelecido, pela experiência ou por testes
laboratoriais, que nunca irão afetar a coesão das argamassas ou contribuir para
a eflorescência.
Cloreto de cálcio: O cloreto
de cálcio é por vezes adicionado à argamassa como acelerador, conforme o
permite a ASTM C 270, Specification for
Mortars for Unit Mansonry. O cloreto de cálcio e os compostos que o
contenham não devem ser permitidos numa alvenaria que contenha armaduras metálicas
pois a corrosão do metal embebido pela argamassa irá ocorrer quando as
condições de exposição lhe forem favoráveis.
Se for usado cloreto de cálcio,
deve ser limitado a uma dosagem que não exceda 2% em peso do cimento Portland,
ou 1% do cimento para alvenaria (geralmente cerca de 50% de cimento Portland)
contidos na argamassa. Normalmente, esta quantidade de cloreto de cálcio não
irá contribuir para a eflorescência.
Água nos solos: Os sais
solúveis do solo estão dissolvidos pela água que o penetra. Consequentemente, a
maioria das águas nos solos contém uma alta concentração destes sais. Quando a
terra está em contacto com a alvenaria, a água do solo pode ser absorvida pela
alvenaria e pode subir, por ação capilar, vários decímetros acima do solo. É
então possível uma acumulação de sais na alvenaria.
Atmosfera: Foi informado
por certos investigadores que os gases sulfurosos da atmosfera podem contaminar
as alvenarias. (F.O Anderegg,
“Efflorescence”, ASTM Bulletin N.º 195, 1952). Esta situação durante um
certo período de tempo irá provocar a desintegração da superfície da argamassa
das juntas. Estes ácidos também podem atacar os componentes do próprio tijolo.
A ocorrência destas anomalias é pouco frequente e está limitada a áreas
altamente industrializadas e às regiões costeiras.
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