É frequente a utilização de
hipoclorito de sódio (vulgo lixívia) e amónia nas atividades de limpeza.
Isolados ou misturados são dois compostos químicos geralmente utilizados
incorreta e indiscriminadamente sem respeito pelos materiais de revestimento a
higienizar, pelo ambiente e saúde pública. Existe o mito generalizado “cheira a
lixívia, cheira a limpeza”. Este é um erro crasso de quem desconhece a limpeza
na sua vertente profissional e as propriedades dos compostos químicos
utilizados. Dadas as especificidades dos solutos de limpeza, dos materiais a
limpar – cada vez mais diversificados – e da legislação em vigor que restringe
ou impede a utilização destes compostos químicos, torna-se necessário que os
profissionais de limpeza estejam cada vez mais informados sobre a sua
atividade. O mesmo se aplica a proprietários, utentes de instalações, enfim,
clientes para que possam ser cada vez mais exigentes fundamentados em
conhecimento.
Hipoclorito
de Sódio
O que é?
Solução aquosa alcalina com 10% de cloro
ativo e cerca de 10-12g/l de hidróxido de sódio residual que não ocorre
naturalmente no ambiente. É obtido através da reação do
Cloro gasoso (Cl2) com uma solução aquosa de Hidróxido de Sódio.
Outros nomes:
Solução de Carrel-Dakin, Lixívia,
Clorox, Cloro líquido
Características físico-químicas:
Fórmula Molecular
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NaClO
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Massa
Molecular
|
74,45
g/mol
|
Cor
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Amarelo-esverdeado
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Odor
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Odor
picante, semelhante ao do cloro
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Solubilidade
em água a 20ºC
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Solúvel
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Ponto de
ebulição
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De 100 a
110ºC para soluções a 10% Cl2
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Fotossensibilidade
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Decompõe-se
em presença de luz
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Resistência
à temperatura
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Acima de
20ºC decompõe-se libertando oxigénio
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Reação c/
substâncias ácidas
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Violenta,
libertando cloro
|
Inflamabilidade
|
Não
inflamável
|
Risco
associado
|
Corrosivo
|
pH
|
13
|
O Hipoclorito
de Sódio é aplicado:
no branqueamento de celulose e
têxteis;
no tratamento de águas – desinfeção,
esterilização, ação algicida e desodorização de águas industriais, água potável
e piscinas;
na tinturaria;
em produtos de limpeza;
na lavagem de frutas e legumes;
na produção de diversos produtos
químicos tais como: oxidantes, branqueadores e desinfetantes
como solução de irrigação
dentária
Aplicação:
quanto maior a concentração e/ou o tempo de contacto maior o espectro de ação, podendo ser utilizado como desinfetante de baixo a alto nível.
Espectro
de ação:
tem um amplo espectro de ação, chegando a ter ação sobre esporos de Bacillus subtilis. Atua a concentrações tão baixas como 25
ppm para microrganismos mais sensíveis. Mais usualmente utilizada em
concentração de 1000 ppm.
é o desinfetante mais amplamente utilizado. Apresenta ação rápida e baixo custo. Bastante instável e inativado por matéria orgânica;
é considerado como prejudicial ao ambiente.
50 ppm (0,005%) elimina 105 de HIV, em 10 minutos, 25°C;
100 ppm (0,01%) elimina fungos em menos de 1 hora; elimina 107 de Staphylococcus aureus e Pseudomonas aeruginosa em menos de 10 minutos;
200 ppm (0,02%) elimina 25 tipos diferentes de virus em menos de 10 minutos;
500 ppm (0,05%) elimina 106 de HBV, em 10 minutos, 20°C.
Agora
que já conhecemos um pouco melhor este composto e as suas propriedades devemos
perceber onde deve ser aplicado e em que circunstâncias e onde não deve ser
aplicado de todo.
Já
percebemos que é um desinfetante de largo espetro e de baixo custo, no entanto
é extremamente corrosivo para materiais, altamente tóxico e extremamente
prejudicial para o meio ambiente. Quando utilizar, então? E como?
Nas
limpezas em geral deve ser evitado o uso de hipoclorito de sódio. Em áreas onde
a desinfeção deve ser feita, como áreas hospitalares, balneários e casas de
banho ou unidades de processamento de alimentos deve ter-se particular atenção
às diluições para evitar maiores danos que benefícios.
A
desinfeção por rotina de superfícies não é aconselhada, pois altera o
equilíbrio entre o meio ambiente e os microrganismos. De acordo com alguns
estudos a higienização de superfícies seguindo a metodologia correta com água
quente e detergente remove cerca de 80% a 85% dos microrganismos presentes. Com
uma posterior aplicação de desinfetante a taxa de remoção sobe para 90% a 95%.
No entanto, o tempo que uma superfície leva a voltar a ficar contaminada é o
mesmo quer se tenha aplicado desinfetante ou não. Neste pressuposto é de
considerar que a aplicação de desinfetante não é custo-efetiva. Além disso há
que ponderar que a aplicação indiscriminada de desinfetantes gera outros
problemas de poluição ambiental de importância acrescida para o equilíbrio do
ambiente e saúde das populações. O seu uso incorreto pode ainda danificar
algumas superfícies por corrosão ou abrasão de alguns materiais como os metais,
ligas metálicas, pedra, entre outros. O uso de desinfetantes, nomeadamente
hipoclorito de sódio, fica, assim, restrito a situações de derrames ou salpicos
e com fortes restrições.
(continua)
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